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O que é isto que chamam de Capitalismo ?

Capitalismo. Tem a ver com democracia, certo?

(E não são os inimigos do capitalismo, os oponentes da democracia? Eles não foram derrotados na Guerra Fria?)


Na verdade, capitalismo e democracia são duas coisas bem diferentes. Democracia é, essencialmente, a ditadura da maioria sobre a minoria ou os indivíduos. Capitalismo é a liberdade de que cada cidadão disporá para decidir o que fazer com o resultado do seu trabalho, seja ele artístico, intelectual, braçal, desportivo, organizacional ou de qualquer outra natureza.


Nos Estados Unidos (e em outras nações do Ocidente), nós estamos acostumados a ouvir que vivemos numa sociedade democrática. É verdade que nós temos uma governo que se autoproclama democrático (embora valha a pena nos perguntarmos se cada um nós realmente tem influências iguais, ou até mesmo alguma influência, nessa inchada e atrofiada "democracia representativa"), mas se nossa sociedade em si é democrática é completamente uma outra questão. O governo compõe somente uma parte da sociedade, é claro; e está longe de ser a mais importante quando se considera o dia-a-dia da pessoas. O sistema econômico de qualquer sociedade tem mais influência sobre a vida diária dos indivíduos do que qualquer corte ou congresso poderia ter, pois é a economia que determina quem tem controle sobre as terras, recursos e instrumentos da sociedade, que determina o que as pessoas devem fazer todo dia para sobreviver e "progredir", e no final das contas como essas pessoas interagem umas com as outras e como enxergam o mundo.


E capitalismo é, de fato, um dos sistemas econômicos menos democráticos. Em uma economia "democrática", cada membro da sociedade teria influência igual para dizer como os recursos são usados e como o trabalho é feito. Mas na economia capitalista, em que todos recursos são propriedade privada e todo mundo compete contra os outros em busca desses recursos, estes acabam sob o controle de poucas pessoas (hoje em dia, leia-se: corporações). Essas pessoas podem decidir como todos os outros vão trabalhar, já que esses não podem viver sem ganhar dinheiro daqueles. Eles conseguem até determinar a paisagem física e psicológica da sociedade, pois possuem a maior parte das terras e controlam a maioria dos meios de comunicação. E no fundo, eles também não estão no controle, pois se baixarem a guarda e pararem de se esforçar para ficar à frente, eles vão rapidamente estar na parte de baixo da pirâmide com todo mundo. Isto quer dizer que ninguém, de fato, tem liberdade num sistema capitalista: todo mundo está igualmente à mercê das leis de competição.


Como o capitalismo funciona?

Assim é como o livre-mercado deveria funcionar: as pessoas são livres para ir atrás de suas fortunas como quiserem. E aquelas que trabalharem com mais afinco e produzirem mais riquezas para a sociedade serão as mais bem recompensadas. Mas esse sistema tem uma falha crucial: não oferece oportunidades iguais a todos. Sucesso no livre-mercado depende quase inteiramente de quanta riqueza você já possui.


Quando o capital é propriedade privada, as oportunidades de um indivíduo de aprender, trabalhar e ganhar riqueza estão diretamente ligadas à quantidade de riqueza que ele tem. Algumas bolsas escolares não têm como compensar isso. É necessário uma quantidade razoável de recursos para produzir alguma coisa de valor, e se uma pessoa não tem esses recursos, ela se encontra à mercê dos que os possuem. Enquanto isso, aqueles que já têm esses recursos conseguem criar mais e mais riqueza, e assim a maior parte da riqueza da sociedade acaba nas mãos de poucas pessoas. Isto deixa todos os outros com pouco capital para vender, a não ser, a própria mão-de-obra, que eles devem vender aos capitalistas (aqueles que controlam a maior parte dos meios de produção) para sobreviver.


Isso parece confuso, mas na verdade é bem simples. Uma corporação como a Nike tem bastante dinheiro sobrando para abrir uma nova fábrica de tênis, comprar espaço publicitário, e vender mais tênis, ganhando assim mais dinheiro para reinvestir. Um pobre coitado, como você, mal tem dinheiro suficiente para abrir uma banca de refrescos, e mesmo se tivesse, provavelmente seria levado à falência por uma empresa maior e mais estabelecida como a Pepsi, que tem mais dinheiro para gastar em promoção (claro que existem histórias de sucesso de pequenos empreendedores que venceram a concorrência, mas você consegue ver porque isso geralmente não acontece). As probabilidades são que, se você precisa ganhar dinheiro para "viver", você vai acabar trabalhando para eles. E assim, trabalhando para eles, você reforça o poder deles: pois embora eles lhe paguem por seu trabalho, você pode ter certeza eles não estão pagando o valor total: é assim que eles têm lucro. Se você trabalha em uma fábrica e produz mercadorias que valem R$ 300,00, você provalvemente recebe apenas R$ 30,00 ou menos por aquele dia de trabalho. Isso quer dizer que alguém está colocando dinheiro no bolso graças aos seus esforços; e por quanto mais tempo eles fizerem isso, mais riqueza e oportunidades eles terão às suas custas.


Como isso afeta a pessoa comum ?


Isto significa que o seu tempo e sua energia criativa estão sendo comprados de você, o que é o pior de tudo isso. Quando tudo que você tem para vender, em troca de sobrevivência, é seu próprio trabalho, você é forçado a vender sua vida, em prestações, apenas para existir. Você acaba passando a maior parte da sua vida fazendo aquilo que pague o maior valor possível, ao invés daquilo que você realmente quer: você troca seus sonhos por salários e sua liberdade de viver por coisas materiais. No seu tempo livre, você consegue comprar de volta o que você produziu durante o expediente de trabalho (com lucro para seu empregador, claro); mas você nunca pode comprar de volta o tempo que você passou trabalhando. Essa parte da sua vida já era e você não ficou com nada para mostrar exceto as contas que foi capaz de pagar. Finalmente, você começa a pensar que suas habilidades criativas e força de trabalho estão além do seu controle, pois você começa a associar o ato de fazer qualquer coisa, exceto "relaxar" (recuperar do trabalho), com o sofrimento de fazer o que você é mandado ao invés do que deseja. A idéia de agir por iniciativa própria e de perseguir os próprios objetivos não mais lhe ocorre, exceto nas horas dos seus hobbies.


Sim, existem umas poucas pessoas que encontram maneiras de serem pagas para fazer exatamente o que sempre quiseram. Mas quantos trabalhadores você conhece que se encaixam nessa categoria? Esses raros e sortudos indivíduos são exibidos como prova de que o sistema funciona, e nós somos aconselhados a trabalhar bastante e com afinco, para que um dia nós possamos ter tanta sorte quanto eles. A verdade é que, simplesmente, não existem vagas de trabalho suficiente para todo mundo ser astro de rock ou cartunista; alguém tem que trabalhar nas fábricas para produzir em massa os CDs e jornais. Se você não consegue se tornar o próximo jogador de basquete do momento e, ao invés disso, acaba trabalhando como vendedor de tênis esportivos em um shopping, você deve não ter tentado o bastante... então a culpa é sua se você fica entediado lá, certo? Mas não foi sua a idéia de que deveriam existir mil vendedores para cada jogador profissional de basquete. Se você for culpado por alguma coisa, só pode ser por aceitar uma situação que oferece tão poucas chances.


Ao invés de todos competirem para ser aquele no topo dos degraus corporativos, nós deveríamos estar tentando descobrir como seria possível para que todos nós façamos o que gostaríamos com nossas vidas. Mesmo que você seja sortudo o bastante para chegar no topo, o que resta para os milhares e milhares que não conseguirem chegar lá — os infelizes funcionários de escritórios, os artistas fracassados, os letárgicos chapistas e as camareiras de hotel que já não agüentam mais? É do seu maior interesse viver em um mundo cheio de pessoas que não são felizes, que nunca conseguiram perseguir os próprios sonhos... que talvez nunca puderam nem mesmo sonhar?


O que o capitalismo faz as pessoas valorizarem?


Como a Jeanette escreve em seu artigo sobre produto e processo, sob o capitalismo, nossas vidas acabam girando em volta de coisas, como se a felicidade fosse encontrada em nossos bens, ao invés de ser encontrada em agir e atuar livremente. Aqueles que têm riquezas, as possuem porque passaram muito tempo e energia descobrindo como pegá-las de outras pessoas. E aqueles que possuem pouco, precisam passar a maior parte de suas vidas trabalhando para conseguir o que necessitam para sobreviver. E tudo que têm como consolação pela vida de trabalho pesado e pobreza são algumas poucas coisas que conseguiram comprar — já que suas próprias vidas lhes foram compradas. Entre essas duas classes sociais estão os membros da classe média, os quais foram bombardeados, desde o nascimento, por anúncios e diversas propagandas proclamando que felicidade, juventude, respostas e tudo mais na vida se encontra em bens e símbolos de prestígio. Eles aprendem a passar a vida se matando de trabalho para acumular essas coisas, ao invés de aproveitar quaisquer chances que tenham para buscar aventura e prazer.


Assim, o capitalismo faz com que os valores de todo mundo gire em volta do que eles possuem, e não do que eles fazem, fazendo com que eles passem suas vidas competindo por coisas que precisam para sua sobrevivência e para conseguir status social. É mais provável que as pessoas encontrem felicidade em uma sociedade que os encoraja a valorizar suas habilidades de agir livremente e fazer o que querem acima de tudo. Para criar tal sociedade, nós vamos ter que parar de competir por controle e riqueza, e começar a compartilhá-los mais livremente. Somente então, todos estaremos completamente livres para escolher a vida que mais queremos viver, sem medo de passar fome ou de sermos excluídos da sociedade.


Mas a competição não leva à produtividade ?

Sim, e esse é o problema. A competitiva economia de livre-mercado não apenas encoraja produtividade a qualquer custo, mas a força: pois aqueles que não ficam na frente da concorrência são atropelados. Tudo isso a que custo? Primeiro, há as longas horas que passamos no trabalho: quarenta, cinquenta, às vezes até sessenta horas por semana, sob ordens de chefes e/ou clientes, trabalhando até que estejamos bem mais que exaustos na corrida para "ficar à frente". Ainda por cima, existem os baixos salários que somos pagos: a maioria de nós não recebe nem perto do suficiente para arcar com uma fração de todas as coisas que a nossa sociedade tem para oferecer, embora seja o nosso trabalho que as torna possíveis. Isso acontece porque no mercado competitivo, o trabalhadores não são remunerados como "merecem" pelo seu trabalho — são pagos a menor quantidade que o seu empregador pode pagar sem que eles abandonem o posto para procurar melhores salários. Esta é a "lei" da oferta e demanda. O empregador tem que fazer isso, porque eles precisa economizar tanto capital extra quanto pode, para publicidade, expansão corporativa e outras maneiras de tentar se manter na frente da concorrência. Caso contrário, ele pode não ser um empregador por muito mais tempo, e seus empregados vão acabar trabalhando para um mestre mais "competitivo".


Existe uma palavra para essas longas jornadas e salários injustos: exploração. Mas esse não é o único custo da "produtividade" que o nosso sistema competitivo encoraja: os empregadores têm que economizar também de outras mil maneiras: essa é a razão, por exemplo, pela qual o nosso ambiente de trabalho é geralmente inseguro. E se for necessário fazer coisas que são ecologicamente destrutivas para ganhar dinheiro e continuar produtivo, um sistema econômico que recompensa a produtividade acima de tudo não dá incentivo algum para que as corporações evitem esmagar a vida selvagem para ganhar um troco. Foi isso que aconteceu com nossas florestas, com a camada de ozônio, com centenas de espécies de animais selvagens: eles foram destruídos na nossa corrida pelo "progresso". No lugar das florestas, nós agora temos shopping centers e postos de gasolina (sem mencionar a poluição do ar), pois é mais importante ter lugares para o comércio do que preservar ambientes de paz e beleza. No lugar das capivaras e dos bem-te-vis, temos animais trancafiados para a criação intensamente industrializada, transformados em máquinas de leite e de carne... e cantando nos desenhos da Disney, a coisa mais próxima de animais selvagem que alguns de nós chega a ver. Nosso sistema econômico competitivo nos força a substituir tudo que é livre e bonito pelo que é eficiente, uniforme e lucrativo.


Isto não se limita aos nossos próprios países e culturas, claro. O capitalismo e seus valores se espalharam por todo o mundo como uma doença. Empresas concorrentes têm que continuar aumentando seus mercados para se manterem no mesmo nível umas com as outras; esta é a razão pela qual você encontra Coca-Cola no Egito e McDonalds na Tailândia. Por toda história podemos ver exemplos de como corporações capitalistas forçaram sua entrada de país em país, sem hesitar no uso de violência onde consideravam necessário. Hoje, os seres humanos vendem seu trabalho para corporações multinacionanis, geralmente por menos de um dólar por hora, em retorno pela oportunidade de ir atrás das imagens de riqueza e status que essas corporaçãoes utilizam para provocá-los. A riqueza que o trabalho deles cria é sugada de suas comunidades para dentro dos bolsos dessas empresas, e, em troca, suas culturas únicas são substituídas pela monocultura padrão do consumismo Ocidental. Pela mesma razão, as pessoas nesses países quase não podem não ser competitivos e "produtivos" do mesmo jeito que aqueles que os exploram são. Conseqüentemente, o mundo inteiro está sendo padronizado sob um sistema, o sistema capitalista... e está ficando difícil para as pessoas imaginar outras maneiras de fazer as coisas.


Então — que tipo de produtividade a competição encoraja? Apenas produtividade material — isto é, lucro a qualquer custo. Nós não temos produtos de maior qualidade, pois é do maior interesse do fabricante que voltemos para comprar deles de novo quando nossos carros e aparelhos de som estragarem depois de alguns anos. Nós também não temos os produtos que são os mais relevantes para nossas vidas e para nossa felicidade: temos os produtos que são os mais fáceis e lucráveis de vender. Nós temos empresas de cartão de crédito, operadores de telemarketing, correspondências não desejadas, cigarros cuidadosamente criados para conter oito diferentes aditivos químicos. A fim de que uma empresa venda mais que seus concorrentes, nós acabamos passando nossas vidas trabalhando para desenvolver, produzir em massa e comprar coisas como trituradores de pia, conveniências que aumentam nosso padrão de sobrevivência sem, na verdade, melhorar nossa qualidade de vida. Muito mais que melhores liqüidificadores, videogames ou batatas fritas, nós precisamos de mais significado e prazer em nossas vidas, mas estamos todos tão ocupados competindo que nem temos tempo para pensar sobre isso.


Competição significa que nós não temos o poder de nos reunir e decidir o que seria melhor para nós mesmos e para o mundo como um todo; não temos nem mesmo poder de decidir essas coisas como indivíduos. Pelo contrário, os projetos que nossa espécie empreende e as mudanças que nós fazemos no mundo são decididos pelas leis da competição, por qualquer coisa que VENDA mais.


Certamente em uma sociedade menos competitiva, nós ainda poderíamos produzir todas as coisas que precisamos, sem sermos forçados a produzir todas coisas frívolas adicionais que estão presentemente enchendo nossos aterros e lixões. E talvez então poderíamos concentrar nossos esforços em aprender como criar o mais importante de tudo: felicidade humana.


"Não me fale que a vida seria melhor e mais livre em um sistema como o que União Soviética tinha!" Não, claro que não. A economia da União Soviética não era nada mais democrática do que a dos Estados Unidos o é. Nos Estados Unidos, a maior parte do capital é controlado por corporações, que em conseqüentemente, conseguem exercer controle sobre a vidas de seus empregados (e até certo grau, na de seus clientes e na todo resto do mundo). Na União Soviética, a maior parte do capital era controlada por uma única força, o governo, que deixava todo mundo à sua mercê. E embora não houvesse competição interna, da maneira que leva as corporações do Ocidente até tal extremos de crueldade, o governo soviético ainda procurava competir contra as outras nações em poder econômico e produtividade. Isso os levou para os mesmos extremos de devastação ecológica e exploração de trabalhadores que são comuns no Ocidente. Em ambos os sistemas, você consegue ver os resultados desastrosos de colocar a maior parte da riqueza nas mãos de poucas pessoas. O que precisamos tentar agora é um sistema em que nós todos podemos ter uma parte da riqueza de nossa sociedade e influência para escolher como viver e trabalhar.


Então... quem exatamente é que obtém poder no capitalismo ?


Em um sistema onde as pessoas competem por riqueza e seu consequente poder, aqueles que são mais cruéis nesta busca, são que os que acabam conseguindo ambos, obviamente. Desta maneira, o sistema capitalista encoraja a fraude, a exploração e a competição destrutiva, e recompensa aqueles que vão até este ponto dando o maior poder e maior influência na sociedade.


As corporações que se saem melhor em nos convencer de que precisamos seus produtos, quer precisemos ou não, são as mais bem-sucedidas. Assim é que uma empresa como a Coca-Cola, que produz um dos produtos praticamente mais inúteis no mercado, foi capaz de alcançar tal posição de poder e riqueza: eles foram os mais bem-sucedidos, não em oferecer algo de valor à sociedade, mas em promover seu produto. A Coca-cola não é a bebida mais saborosa que o mundo já provou, é simplesmente a mais desalmadamente promovida. As corporações que são mais bem-sucedidas em criar um ambiente que nos mantenha comprando delas, se isso significa nos manipular com campanhas publicitárias ou usar métodos mais desonestos, são aquelas que obtém a maior quantidade de recursos para continuar fazendo o que estão fazendo. E assim, eles são os que conseguem o maior poder sobre o ambiente em que vivemos. Essa é a razão que as nossas cidades estão entupidas de outdoors e arranha-céus corporativos, ao invés de obras de arte, jardins públicos ou saunas. Essa é a razão que nossos jornais e programas de televisão estão cheios de perspectivas tendenciosas e mentiras descaradas: os produtores estão à mercê de seus anunciantes, e os anunciantes de quem eles mais dependem são aqueles que têm mais dinheiro: aqueles que estão dispostos a fazer qualquer coisa, até distorcer fatos e espalhar falsidade, para conseguir e manter esse dinheiro. (Pesquise um pouco e você verá o quão frequente isso acontece.) O capitalismo virtualmente garante que as pessoas que controlam o que acontece na sociedade são necessariamente os mais gananciosos, mais cruéis e desalmados.

Você é uma fatia do mercado
A juventude é uma etapa da vida em que você deveria estar reavaliando as suposições e tradições das gerações passadas, quando deveria estar disposto a se diferenciar daqueles que vieram antes e criar uma identidade própria. Mas na nossa sociedade, "a rebelião juvenil" se tornou um ritual: há a expectativa que toda geração se revolte contra a ordem social por alguns anos, antes de "crescer" e "aceitar a realidade". Isso neutraliza qualquer poder por reais mudanças que as perspectivas novas, originais e estimulantes da juventude poderiam oferecer; visto que, revolta é "apenas para crianças", e nenhum jovem ousa continuar sua resistência na maioridade por medo de ser considerado infantil. Este acordo é muito vantajoso para certas corporações que dependem do "mercado jovem". Aonde o seu dinheiro está indo quando você compra aquele CD, aquela carteira com corrente, aquela tintura colorida pra cabelo, jaqueta de couro, pôster, todos aqueles acessórios que lhe identificam como um jovem rebelde? Direto para as empresas que compõem a ordem à qual você quer se opor. Eles ganham dinheiro com seus impulsos rebeldes vendendo os símbolos de rebeldia que, na verdade, apenas mantém as rodas girando. Você mantém cheio os bolsos deles, e eles mantém o seu vazio; eles lhe mantém sem poder, ocupado apenas tentando pagar para se encaixar nos moldes que eles determinaram para você.


CrimethInc. "O ópio de uma nova geração."
E já que todas as outras pessoas estão à mercê deles, e ninguém quer acabar do lado do perdedor, todo mundo é encorajado a ser ganancioso, cruel e desalmado. É claro, ninguém é egoísta e insensível todo o tempo. Muito poucas pessoas querem ser assim ou tem prazer nisso, e, sempre que podem evitar, o fazem. Mas, geralmente, o ambiente de trabalho é configurado para fazer as pessoas serem frias e impessoais umas com as outras. Se alguém entra em uma padaria morrendo de fome e sem dinheiro, a política da empresa geralmente requer que os empregados o mandem embora de mãos vazias, ao invés de deixá-lo obter alguma coisa sem pagar — mesmo que a padaria jogue fora dúzias de pães e alimentos no final de cada dia, como a maioria faz. Os pobres empregados passam a ver as pessoas esfomeadas como um incômodo, e os esfomeados culpam os empregados por não ajudá-los, quando realmente é somente o capitalismo colocando um contra o outro. E, infelizmente, é o empregado que põe em prática regras ridículas como estas que provavelmente vai ser promovido a gerente.


Aqueles que ousam passar suas vidas fazendo coisas não lucrativas geralmente não conseguem segurança nem status por seus esforços. Eles podem estar fazendo coisas de grande valor para a sociedade, como criando arte ou música, ou fazendo trabalho social. Mas se eles não conseguem ter lucro a partir destas atividades, eles terão dificuldades para sobreviver, e muito mais para juntar recursos para expandir seus projetos. E, já que poder vem, primeiramente, de riqueza, eles também terão pouco controle sobre o que acontece na sociedade. Desta maneira, as corporações que não tem nenhum objetivo, a não ser, juntar mais riqueza e poder para elas mesmas sempre acabam com mais poder sobre o que acontece em uma sociedade capitalista do que os artistas e ativistas sociais. E, ao mesmo tempo, poucas pessoas podem se permitir passar muito tempo fazendo coisas que valem a pena, mas não que são lucrativas. Você pode imaginar as consequências disto.


Que tipo de lugar isso tudo torna o nosso mundo? O sistema capitalista dá à pessoa comum muito pouco controle sobre as capacidades coletivas e tecnologias de sua sociedade, e muito pouca influência nas suas implementações. Embora seja o seu trabalho (e o de pessoas como ela) que tornou possível a construção do mundo em que ela vive, ela sente como se esse trabalho, seu próprio potencial e o potencial de seus colegas seres humanos, fosse estranho a ela, fora de seu controle, algo que age sobre o mundo independemente de sua vontade. Não surpreende o fato dela se sentir frustrada, impotente, não-realizada, sem sonhos. Mas não é apenas essa falta de controle que faz o capitalismo tão hostil à felicidade humana. No lugar de controle democrático sobre nossas vidas e sociedade, nós temos a dominação desalmada da força.

A violência não está presente apenas quando os seres humanos fazem dano físico um ao outro. Está presente, embora de forma mais sutil, em qualquer momento em que se usa força sobre o outro em suas interações. É a violência que é a raiz do capitalismo. Sob o sistema capitalista, todas as leis econômicas governando a vida humana se resumem na coerção. Trabalhe ou passe fome! Domine ou seja dominado! Compita ou pereça! Venda as horas da sua vida pelos meios de sobrevivência ou apodreça na pobreza — ou na prisão!

A maioria das pessoas vão trabalhar porque elas precisam, não porque querem. Elas vendem seu tempo para poder comprar comida e abrigo, e para pagar as contas de todos os símbolos de status e luxúrias que foram condicionados a obter, somente por causa que sabem que a alternativa é a inanição e o ostracismo. Eles podem até gostar de algumas coisas que fazem nos seus empregos, mas gostariam muito mais de fazerem-nas no seu próprio tempo e maneira, além de fazer outras coisas — sendo que seus empregos os deixam sem tempo e energia para isso. Para forçar a máxima produtividade em pessoas que prefeririam estar em outros lugares, as corporações usam diversos mecanismos de controle: estabelecem horários de trabalho para seus empregados, os fazem bater cartão, os mantém sob observação constante. Chefes e trabalhadores são colocados juntos em mútua coação econômica, e negociam uns com os outros sob ameaças invisíveis: um apontando a arma do desemprego e pobreza para a cabeça do outro, e este ameaçando serviço ruim e, possivelmente, greves. A maior parte das pessoas tenta manter alguma preocupação pelas necessidades humanas dos outros, mesmo no emprego, mas a essência da nossa economia é a competição e a dominação, e isso sempre se evidencia em nossas relações com aqueles acima e abaixo de nós na hierarquia de trabalho.

Você consegue imaginar o quanto mais vantajoso e divertido poderia ser para todos nós se fôssemos capazes de agir a partir do amor ao invés de agir a partir da obrigação/imposição? Se fizéssemos as coisas pelo completo prazer de fazê-las, e trabalhássemos juntos por nossa própria vontade, não por obrigação? A propósito, isso não tornaria mais agradável fazer as coisas que são necessárias para a sobrevivência — e se relacionar uns com os outros?

Pois esses padrões de violência inevitavelmente transbordam também para o resto da nossas vidas. Quando você está acostumado em ver e tratar as pessoas como objetos, como recursos para serem gastos ou inimigos para serem temidos e combatidos, fica difícil deixar esses valores para trás quando você chega em casa. A hierarquia que a propriedade privada impõe sobre os relacionamentos no ambiente de trabalho pode ser encontrada em todos os outros lugares na sociedade: nas escolas, igrejas, famílias e amizades, em todo lugar que a dinâmica de dominação e submissão acontece. É quase impossível de imaginar do que uma relação verdadeiramente igual poderia consistir, em uma sociedade onde todo mundo está sempre competindo por superioridade. Quando crianças brigam na escola ou gangues rivais guerreiam nas ruas, eles estão meramente imitando os conflitos maiores que ocorrem entre e dentro de corporações e das nações que atendem os interesses destas. A violência deles é vista como uma anomalia, mas é somente um reflexo do mundo violento e competitivo que os estimulou. Quando possíveis amigos ou amantes avaliam cada um em termos financeiros e de status, ao invés de por coração e alma, eles estão simplesmente agindo a partir das lições que lhes foram ensinadas sobre "valor de mercado" — vivendo sob o reino da força, é quase impossível não ver os outros seres humanos e o mundo em geral em termos do que há neles para você.

Se vivêssemos em um mundo onde pudéssemos perseguir quaisquer aspirações que nos agradasse, sem medo de morrer de fome, enlouquecer ou de ser não-amado como Van Gogh e tantos outros, nossas vidas e relações não seriam mais moldadas pela violência. Talvez então seria mais fácil para nós olhar para cada um e ver o que é lindo e único, ver a natureza e apreciá-la pelo que é... ser e deixar que sejam, ao invés de sempre buscar poder e vantagem. Existiram centenas de outras sociedades na história da nossa espécie em que as pessoas viveram dessa maneira. É realmente demais pensar que nós poderíamos reorganizar nossa própria sociedade para ser mais democrática?


Certo, certo, mas qual é a alternativa?
A alternativa para o capitalismo seria uma sociedade consensual em que nós pudéssemos decidir individualmente (e, quando necessário, coletivamente) como seriam nossas vidas e arredores, ao invés de sermos forçados a estes pelas chamadas leis de "oferta e demanda". Estas são leis apenas se deixarmos que sejam. É difícil imaginar uma socidade baseada na cooperação do ponto-de-vista atual, já que as únicas sociedades que a maioria de nós já viu na vida são baseadas na competição. Mas as outras sociedades são possíveis: elas existiram diversas vezes na história da nossa espécie e podem existir novamente, se quisermos.

Para escapar das algemas da competição, nós precisamos desenvolver uma economia que seja baseada no ato de dar, ao invés do ato de trocar: uma economia da dádiva, no lugar desta economia de troca. Em tal sistema, cada pessoa poderia fazer o que quisesse com a sua vida, e oferecer aos outros o que sentir ser mais qualificada para oferecer, sem medo de passar fome. Os meios para fazer as coisas seriam compartilhados por todos, e não acumulados pelo indivíduos mais gananciosos. Então cada pessoa teria todos os recursos da sociedade à sua disposição. Aqueles que quisessem pintar poderiam pintar, aqueles que gostam de construir motores e máquinas poderiam fazer isso, aqueles que amam bicicletas poderiam construí-las e consertá-las para os outros. Os chamados "trabalhos sujos" seriam disseminados de forma mais justa, e todo mundo se beneficiaria pela capacidade de saber e fazer uma variedades de coisas, ao invés de estar limitado a uma ocupação como um dente de engrenagem numa máquina. "Trabalho" em si seria umas mil vezes mais prazeroso, sem horários apertados ou chefes exigentes nos coagindo. E embora pudéssemos ter uma taxa de produção menor, nós teriamos uma maior variedade de ocupações criativas na nossa sociedade, as quais poderiam tornar a vida mais completa e mais significativa para todos nós... além disso, nós realmente precisamos de todas as bugigangas e luxuosidades pelas quais hoje escravizamos tanto para criar?

Isso parece uma visão utópica, e é, mas não significa que não podemos tornar nossas vidas mais parecidas com essa utopia em comparação em como ela é atualmente. Também, não precisamos olhar apenas para os bosquímanos do deserto de Kalahari para exemplos de como a vida é fora do capitalismo: até mesmo hoje, há muitas oportunidades na nossa própria sociedade para ver quão melhor a vida é quando nada tem um preço. Toda hora que uma roda de tricot se encontra para compartilhar amizade e conselhos, toda hora que pessoas vão acampar juntas e dividem responsabilidades, toda hora que pessoas cooperam para cozinhar ou fazer música ou fazer qualquer coisa que seja por prazer, não por dinheiro, isso é a "economia da dádiva" em ação. Umas das coisas mais regozijantes em estar apaixonado ou em ter um grande amigo é que, pelo menos nesta hora, você é considerado por quem você é, e não pelo que "vale". E que sentimento maravilhoso é aproveitar as coisas na vida que vêm a você de graça, sem ter que medir quanto de si você está trocando por elas. Mesmo nesta sociedade, quase tudo do qual extraímos verdadeiro prazer vêm do lado de fora dos limites de nossas relações capitalistas. E por que não deveríamos exigir o que funciona tão bem em nossas vidas privadas o tempo todo? Se tiramos muito mais das nossas relações quando elas estão livres da coerção da propriedade e da competição, por que não procuramos libertar também as nossas "relações de trabalho" dessa coerção?


Mas quem vai recolher o lixo, se todos fizermos o que bem entendermos?
Bem, quando um grupo de amigos mora junto em um apartamento, o lixo não é levado para fora? Ele pode não ser levado com tanta freqüência quanto o faria um faxineiro de um escritório, mas ele é levado voluntariamente, e não é sempre a mesma pessoa que fica presa à tarefa. Sugerir que não podemos prover para nossas próprias necessidades sem que alguma autoridade nos force a isto é subestimar enormemente e insultar a nossa espécie. A idéia de que ficaríamos todos sentados sem fazer nada se não tivéssemos que trabalhar para nossos chefes para sobreviver vem do fato de que, uma vez que temos que trabalhar para nossos chefes para sobreviver, nós preferiríamos ficar sentados sem fazer nada. Mas se tivéssemos nossa energia e nosso tempo para nós mesmos, nós redescobriríamos como utilizá-los, tanto para fins certos como para fins incertos: lembre-se de quantas pessoas apreciam o próprio ato de jardinar, mesmo quando elas não tem que fazer isso para sobreviver. Certamente nós não iríamos nos deixar passando fome em uma sociedade onde as decisões e o poder fossem compartilhados ao invés de brigarmos por eles... e o fato de que hoje tantas pessoas estão passando fome indica que o capitalismo não é menos incerto que qualquer outro sistema possa ser.


Seguido nos dizem que é da "natureza humana" ser ganancioso, e que é por isso que o mundo é assim. A própria existência de outras sociedades e modos de vida contradiz isso. Uma vez que você se dá conta de que a sociedade capitalista moderna é só um entre milhares de modos que os seres humanos viveram e interagiram juntos, você pode perceber que esse argumento de "natureza humana" é absurdo. Nós somos formados antes de tudo pelo ambiente em que vivemos — e seres humanos agora tem o poder de construir os seus próprios ambientes. Se formos ambiciosos o suficiente, nós poderemos projetar o nosso mundo para nos reconstruir da forma que nossos corações desejarem. Sim, todos nós somos assombrados por sentimentos de ganância e agressão, uma vez que vivemos num mundo materialista e violento. Mas em ambientes mais acolhedores, construídos sobre valores diferentes, poderíamos aprender a interagir de formas que seriam prazerosas para todos os envolvidos. De fato, a maior parte de nós seria muito mais generosa e considerada hoje mesmo se pudéssemos — é difícil dar presentes livremente em um mundo onde você tem que vender um pedaço de si para conseguir qualquer coisa que seja. Levando isso em consideração, é surpreendente quantos presentes ainda damos uns aos outros.


As pessoas que falam sobre a "natureza humana" nos dizem que esta natureza consiste principalmente da vontade de possuir e controlar. Mas e nossos sentimentos de compartilhar e de agir pelo puro ato de agir? Somente aqueles que desistiram de fazer o que querem se contentam em encontrar significado no que eles simplesmente possuem. Quase todo mundo sabe que é mais recompensador levar alegria aos outros do que tirar coisas deles. Agir e dar livremente são a sua própria recompensa. Aqueles que acham que "a cada um tem o que merece, cada um tem o que precisa" beneficia injustamente quem recebe, simplesmente não entende o que faz os seres humanos felizes.


É tentador pensar que o capitalismo é uma conspiração dos ricos contra os outros, e pensar que a luta contra o capitalismo é a luta contra essas pessoas. Mas, na verdade, é do melhor interesse de todos nos livrarmos deste sistema econômico. Se a verdadeira riqueza consiste de liberdade e comunidade, somos todos pobres aqui: pois mesmo ser "rico" numa sociedade que é hostil à estas coisas é somente ser o possuidor de mais pobreza. Este sistema não é o resultado de um plano maldoso elaborado por alguns vilões que querem dominar o mundo — e mesmo se fosse, eles só tiveram sucesso em condenar a todos, inclusive eles mesmos, às algemas da dominação e da submissão. Não sejamos tão invejosos deles só porque eles parecem numa situação melhor à distância. Qualquer um que nasceu numa de suas casas pode lhe dizer que, apesar de todas suas contas de banco e sistemas contra incêndio, eles não são mais felizes ou livres que você. Devemos tentar encontrar formas de fazer todos verem o que podemos ganhar se mudarmos nossa sociedade, e envolver todos nesta mudança.


Se isso é um grande desafio, e às vezes lhe parece que "o povo" merece o que recebem por aceitarem essa forma de vida, não perca as esperanças. Lembre-se, o sistema que eles aceitam é aquele no qual você vive. Suas chances de libertação estão intrincadamente atadas às deles.


Não fique paralizado pela aparente vastidão das forças reunidas contra nós — essas forças de trabalho são feitas por pessoas como você, ansiando por liberdade. Encontre maneiras de escapar do sistema de violência na sua vida, e os leve com você se puder. Aproveite todo momento livre, qualquer oportunidade em que você puder colocar suas mãos; a vida pode ser vendida, mas não pode ser comprada — apenas roubada de volta!


ONIPRESENÇA é a nossa maneira de vender


Você vê a nossa insígnia em todos lugares que vai. Está em suas roupas, na sua tela de televisão, nas paredes de todas as ruas, nas páginas de todas revistas. Está marcada na sua cabeça. Você a vê umas mil vezes mais do que a bandeira do seu país; você a vê, pelo menos, tanta vezes quanto o rosto da sua mãe.

Nós não investimos em comunicão para informá-lo sobre nossos produtos; o que procuramos promover nós mesmos. Essa é a razão pela qual lhe damos slogans e símbolos ao invés de fatos. Nós não estamos compartilhando informação tanto quanto estamos espalhando mistificação. Somos a divindade da nova era; você nos aceita como onipotentes e oniscientes porque vê nosso poder e nossa presença em todo lugar. Seus amigos trabalham para nós, as empresas de seu país são de nossa propriedade, seus políticos respondem a nós, tudo é patrocinado ou ditado por nós. Aparentemente controlamos tudo, nos posicionamos sobre a humanidade como deuses eternos.

Quando você compra nossos produtos, você não está realmente em busca de um tênis, uma calça jeans ou um refrigerante, mas daquela aura de poder. Para as crianças nos guetos dos Estados Unidos, a Nike representa a riqueza e o status que elas anseiam. Para os consumidores na Itália (que tem uma herança de comida muito mais saudável e mais saborosa), o McDonalds simboliza a era moderna da qual eles desesperadamente desejam fazer parte. Nós reinamos sobre você pois lhe persuadimos que somos divinos.

Mas todos os deuses tem uma vulnerabilidade secreta: paramos de existir no momento em que as pessoas não mais acreditem em nós. Parece que somos invulneráveis, mas poderíamos para de existir tão absolutamente quanto os deuses da Grécia Antiga, se você nos reconhecesse pelos fantasmas que somos. Nós trabalhamos sem parar, enchendo o mundo com nossos templos e imagens, pois sabemos que a humanidade mais cedo ou mais tarde acordará deste longo pesadelo. CrimethInc. "Sempre."


Sem o nosso chiclete, ninguém vai querer te beijar. Sem o nosso desodorante, ninguém vai querer te tocar. Sem nosso batom, você não atrairá a atenção de ninguém. Sem os nossos tênis esportivos, você não conseguirá se manter no mesmo nível que os caras. Sem nossos cigarros, a sofisticação te escapa. Sem nossos produtos de limpeza, ninguém vai querer ir à tua casa. Teus filhos não terão nenhum jogo para jogar sem brinquedos e desenhos. Ela não gostará do encontro a não ser que você a leve para assistir um dos nossos filmes. A diversão realmente não começou até você ter nossa cerveja nas suas mãos. Como você pode se sentir livre e vivo sem nosso novo carro esportivo? Pense em todas as suas atividades de lazer e você verá: você não está se divertindo a não ser que você esteja pagando por isso. Nós jogamos com suas inseguranças, seus medos e ansiedades. Existem produtos para cada atividade do ser humano, até sexo, pois as coisas que são naturais e livres não são boas o bastante sem os nossos suplementos sintéticos. No final das contas, você está tão condicionado que você pagará pelos produtos mais inúteis, apenas para estar pagando por alguma coisa. E caso você tente sair do nosso sistema, você verá que nós realmente tornamos impossível ser um humano sem os nossos produtos: você paga para comer, paga para dormir, paga para se manter aquecido, paga por um espaço somente para existir. CrimethInc. "Dependa de nós!"


"Televisão é um saco, cara." Então você tem dúvidas, está cético? Você não confia mais no governo, na Coca-Cola, na televisão? Nós ficamos mais do que felizes em fazer paródias de nós mesmos, nos insultarmos, até mesmo explicarmos em detalhes todas nossas intenções mais odiosas e negócios mais escusos... contanto que isso mantenha atenção. Temos programas de televisão, publicidade e tirinhas cuidadosamente projetadas para aqueles que, como você, não acreditam mais em nós. Tudo para manter você assistindo, tudo para manter você comprando. Nós jogamos com o seu ceticismo, lucramos com ele, até mesmo o encorajamos. Você sabe que não pode confiar em nós, mas enquanto o mantivermos cativado com nossa ironia e auto-depreciação, você não vai conseguir pensar em nenhuma alternativa. Ao invés de ter o ideal de lutar contra o status quo, você vai se juntar às fileiras dos niilistas do Dilbert, não mais capazes de acreditar em nada, mas ainda fazendo sua parte neste sistema de desespero.

CrimIdéia. (você é nossa audiência cativa)


Ninguém é assim. Não é nem ao menos saudável. Mas milhões de mulheres no mundo todo se pintam, passam fome, e até passam por operações médicas para tentar alcançar os padrões sociais de beleza. Quem cria estes padrões? Nós os criamos — nós, a indústria da moda e da imagem, com nossas capas de revista, dietas "milagrosas" e celebridades criadas sinteticamente.

Por quê isso é do nosso interesse? Em primeiro lugar, insegurança vende. Quanto mais inalcançáveis forem os padrões que ditamos para você, pior você se sentirá sobre si mesma e, logo, mais dos nossos produtos você vai achar que precisa. Em segundo lugar, é importante que mantenhamos você pensando sobre si mesma como um corpo. Todas nossas imagens de mulheres como corpos, desde a arte clássica até anúncios de perfume do século XX, conspiram para fazer você se ver assim. Se você se enxerga como um corpo, e mede o seu valor a partir disto, você vai achar que é dos nossos produtos para o corpo que você precisa para ser feliz... e não de uma vida excitante, de projetos criativos, de um mundo mais bonito e seguro, etc.

Por estes padrões de "beleza" absurdos, estamos dispostos a matar dúzias de mulheres com anorexia todo ano, a deixar milhares e milhares de mulheres doentes, com bulimia e subnutrição, a fazer mulheres pagarem milhares de reais por cirurgias plásticas e perigosos implantes nos seios, a deixar mulheres que não são brancas pagarem por produtos que supostamente irão deixá-las mais parecidas com as rainhas brancas da beleza, deixar milhões de mulheres e meninas do mundo todo inseguras sobre seus corpos e sobre si mesmas. E os desejos dos homens também são esculpidos pelo nosso condicionamento, para que eles acabem perseguindo uma glamourosa imagem de "mulher" que não existe na realidade, enquanto deixam de apreciar a verdadeira beleza que está ao seu lado nas ruas e em seus lares.

Por que temos todo esse poder? Porque no competitivo "mercado livre", a nossa impiedade em nome do lucro têm sido recompensada por vendas mais altas que a de nossos competidores mais humanos. O nosso método funciona na economia capitalista, o nosso método vende mais, ele domina e vence em um sistema onde o dinheiro vale mais que a felicidade humana.

CrimethInc.


Bem-vindo ao nosso anúncio. É sempre reconfortante para nós dos Grandes Negócios S.A., saber que os seus olhos são sempre atraídos por imagens de mulheres bonitas chupando objetos fálicos — isso torna muito mais fácil o nosso trabalho de atrair a sua atenção, e depois que temos a sua atenção estamos a apenas um passo de lhe vender alguma coisa que você não precisa nem tem dinheiro para comprar. Use o seu crédito — desta forma podemos mantê-lo preso a um emprego que você odeia, simplesmente porque precisa nos pagar. E depois que você estiver preso em um trabalho oito horas por dia, cinco dias por semana, continuamente exausto e não querendo nada além de ligar a TV e esquecer da mesmice do mundo, você nunca irá fazer nada para perturbar o precioso equilíbrio que todos nós trabalhamos tão duro para manter — vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana. E, é claro, depois que você está na frente da TV — bem, lá estão aquelas mulheres bonitas de novo! E a verdadeira beleza de tudo isto é que: nosso método não apenas é eficiente — é praticamente obrigatório! — Nós ajudamos você e você nos ajuda a "ficar dentro do esquema!"

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