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Dharmabums

Rodrigo Garcia Lopes (Especial para o Estadão)


Um dos fundadores e um dos últimos representantes vivos do movimento beat – o mais importante movimento literário e comportamental do pós-guerra nos Estados, o poeta, antropólogo, tradutor e ensaísta Gary Snyder pertence a uma estirpe de intelectual cada vez mais rara em nossos dias: a do poeta público, imerso nas questões de seu tempo, servindo de intérprete ou xamã de nossa complexa paisagem cultural. No seu caso, como defende nesta entrevista exclusiva, seu papel tem sido o de ser uma testemunha da natureza, do mundo não-humano.

Ele já foi chamado de “o Thoreau da geração beat”. Faz sentido. Incansável ativista ecológico, Snyder vem repetindo pelo menos desde os anos 50 e 60 um mantra que se tornou comum nos dias de hoje: devido à nossa obsessão com o consumo e materialismo e nossa violência sistemática contra a natureza (ou o que ele chama de “guerra contra a natureza”) o ser humano está com os dias contados.

Altman snyder ginsberg

Incluindo gêneros como poesia, ensaio, diário, tradução e prosa, sua obra corresponde aos principais movimentos contraculturais americanos: dos beats, nos anos 50 e hippies, nos anos 60, até os movimentos ecológicos dos anos 80 (como o Ecologia Profunda) e os movimentos anti-globalização dos anos 90. Sua literatura está marcada por uma assimilação e um diálogo profundo com as religiões e as culturas do Extremo Oriente e dos índios norte-americanos, além de uma ênfase na ligação entre ética e estética num grau máximo. Poesia, na sua definição, é “um instrumento de sobrevivência ecológica”, “o uso inspirado e hábil da voz e da linguagem para incorporar estados mentais raros e poderosos”. Sua poesia meditativa soube fundir o legado de Whitman, Thoreau, Ezra Pound, William Carlos Williams com os preceitos básicos do budismo, da filosofia e da poesia oriental, além da mitologia dos índios norte-americanos. Poucos fizeram tal fusão com tamanha competência.

Desde que foi celebrado como herói contracultural no romance The Dharma Bums, de Jack Kerouac (1958), na figura do personagem Japhy Ryder, muita água rolou: depois de ser marinheiro, lenhador,guarda florestal e passar mais de dez anos vivendo no Japão como um monge zen-budista, traduziu poesia japonesa e chinesa (Han Shan, entre outros), viajou pela Índia e retornou para os Estados Unidos. Depois, construiu seu rancho nas montanhas de Sierra Nevada, na Califórnia, onde vive até hoje, teve filhos, ganhou o Prêmio Pulitzer em 1975 (por seu livro Turtle Island), e foi membro do conselho de artes da Califórnia. Atualmente, Snyder faz leituras e conferências por todo o país.

Seus livros mais recentes são Danger on Peaks: Poems (2004), espécie de diário poético, e Back on the Fire [de volta ao fogo], coletânea publicada no ano passado e que reúne ensaios sobre temas caros à Snyder, como o papel do fogo na preservação das florestas da Califórnia, poesia oriental, mitologia indígena, a “nova desordem mundial” e ecologia.

Snyder

Ele nos recebeu no quarto do hotel em que estava hospedado na cidadezinha de Hickory, Carolina do Norte, enquanto se preparava para uma palestra numa escola local. Sua voz é grave, melódica, firme. Seu sorriso é gentil e jovial. A barba e os cabelos brancos, além dos vincos na face, contam toda uma história de vida e sabedoria, um conhecimento que este senhor de 78 anos compartilha com o leitor nesta entrevista exclusiva.

Entrevistas[]

Entrevista Histórica com Gary Snyder

Consciência Verde. Gary Snyder, defensor de uma vida mais simples e próxima da natureza

Poesias[]

Acima do Vale Pate

Observações Sobre as Tendências Religiosas

LMFBR - (Liquid Metal Fast Breeder Reactor - Reator Rápido Refrigerado a Metal Líquido)

Em Troca de Nada

O Olho Dhârmico de D.A. Levy

O Arroio Piute

Carta de Kyoto

Meados de Agosto no Miradouro da Montanha Sourdough

Prece à Grande Família

Vídeos[]

Gary Snyder, Ecologia e Poesia

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