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Crianças que cresceram entre animais selvagens.

Histórias de crianças que foram adotadas e cresceram entre lobos, ursos e macacos aparacem de tempos em tempos. são relatos que causam espanto ou maravilham os leitores das crônicas jornalísticas. Na Idade Média, estes "pequenos selvagens" eram vistos como símbolo do caos, da insanidade, heresia, maldição de Deus. Mais tarde, o iluminista Russeau envolveu todos os homens não-civilizados em uma aura de pureza e harmonia com natureza chamamdo-os de "nobres selvagens".

Nem heréticos nem sublimes, esses casos de homens ou crianças encontrados vivendo entre animais são, antes de tudo, exceções biológicas, fruto de um destino incomum, casos de uma incrível adaptação de seres humanos que foram capazes de sobreviver entre indivíduos de uma outra espécie assimilando um comportamento, postura e expressão que diferem radicalmente de seus semelhantes, sapiens.

A mitologia dos antigos possui numerosas exemplos de crianças foram adotadas por animais mas o primeiro registro de um caso real data de 250 d.C., referenciado pelo historiador romano Procopius: um menino, abandonado pela mãe, foi encontrado vivendo entre caprinos; fora adotado por uma cabra. Resgatado, recebeu o nome de Aegisthus. Procopius diz que viu a criança pessoalmente.

Caprinos não são muito freqüentes nas histórias de crianças selvagens, entretanto outra criança, de oito anos, foi descoberta nessas condições nos Andes, Peru, em 1990. Carl Linneus, o biológo classificador das espécies, introduziu o conceito do Homo ferus em 1758, caracterizado pela ausência de linguagem, quadrupedia (condição de quadrúpede) e hirsutia (abundância de pêlos).

Linneus relacionou algumas ocorrências de resgate e reabilitação de crianças selvagens: Jean de Liége, o menino-urso da Lituânia; Hesse, o menino-lobo; o menino-carneiro irlandês; o menino-bezerro de Bamberg; a garota de Kranenburg, dois jovens dos Pirineus; Peter, o Selvagem, de Hanover e a menina selvagem de Champagne.

Muitos acadêmicos consideraram as "crianças selvagens" com ceticismo: seriam crianças que jamais aprenderiam a falar e teriam sido abandonadas pela família por serem portadoras de deficiências mentais. Em 1830, o naturalista sueco K.A. Rudolphi declarou que todas "crianças selvagens" eram ficção folclórica ou idiotas congênitos. Em 1949, Claude Levi Strauss formulou opinião diferente: "Muitas dessas crianças, de fato, sofrem de algum defeito congênito e por essa razão, freqüentemente são abandonadas pelos familiares ao invés de receber tratamento."

Feral children, como Dina Sanichar, de Sakandra (1867), the Lucknow child (1954), e o primeiro garoto-macaco de Uganda (1982), eram mentalmente ou fisicamente deficientes. Porém, muitos outros foram abandonados, fugiram de abusos familiares, perderam-se dos pais por acaso ou em circunstâncias caóticas de guerra. Não obstante, sobreviveram sendo adotados por animais ou integrando-se a um grupo de animais.


Estudos & Casos

A primeira publicação moderna considerada históriaca sobre "crianças selvagens" - em oposição aos relatos mitológicos - foi o trabalho do médico Phillipus Camerius, publicado em Frankfurt, em 1609. Ali são descritos os casos de "Hesse wolf-child" (menino-lobo) e "Bamberg-calf" (menino-bezerro), este, "...possuía pernas extraordinariamente flexíveis e andava usando os quatro membros com grande agilidade. Nessa postura, ele enfrentava, em luta, cães de grande porte, usando os dentes. Apesar disso, era dócil com humanos; não possuía uma natureza feroz."

Sir Kelnem Digby, um dos fundadores da Royal Society foi um dos primeiros a mencionar Jean de Liége, em 1644. Com cinco anos, durante um período de guerras religiosas, Jean refugiu-se na floresta com outros aldeões. Quando a guerra esfriou, enquanto os outros retornaram para suas casas, Jean se perdeu e ficou desaparecido por 16 anos. Vivendo na floresta, seus sentidos aguçaram-se: ele podia sentir o cheiro de frutas e raízes a grande distância. Foi resgatado aos 21 anos: estava nú. Seus cabelos, muito compridos, cobriam-lhe o corpo e era incapaz de falar; de volta ao convívio com humanos, reaprendeu a falar mas nunca perdeu olfato apurado.

Nicolas Tulp, o médico alemão retratado por Rembradt em Lição de Anatomia, descreveu o "menino-carneiro" da Irlanda em 1692:

Ele foi trazido a Amsterdam. ...Era um jovem de 16 anos que tinha se perdido dos pais. Crescendo entre as ovelhas e os carneiros selvagens da Irlanda ele adquiriu um tipo de 'natureza ovina'. Tinha movimentos rápidos, ágil com os pés, expressão fisionômica bravia, carnes firmes, pele queimada, trigueira, pernas e braços rígidos, destemido e destituído de qualquer delicadeza. A saúde era excelente. Não conhecia a voz humana; emitia balidos, como as ovelhas. Sua garganta era larga e a língua parecia presa no palato. Recusava alimentos comuns; estava acostumado a comer gramíneas e feno. Viveu em montanhas e lugares desertos, como cavernas, locais distantes de qualquer centro de civilização. Os caçadores que o encontraram disseram que ele parecia um animal e não um ser humano. Obrigado a viver como gente, a contra-gosto e somente depois de muito tempo ele começou a perder suas características selvagens. [Nicholaus Tulp: Observationes Medicae, 1672]


A Menina de Kranenburg: essa menina foi achada em 1717, na floresta, próxima à província de Overyssel, Alemanha. Ela foi sequestrada aos 16 meses, levada da casa de sua família em Kranenburg. Ao ser resgatada, estava vestida com pano grosseiro; alimentava-se de folhas e grama. Não havia qualquer evidência de tivesse sido adotada por algum tipo de animal. Ela aprendeu a trabalhar com fiação, a se comunicar através de sinais mas nunca conseguiu falar normalmente.

Peter, o Selvagem: O primeiro caso de criança selvagem que ganhou fama foi "Wild Peter"; quando foi descoberto, estava nú, a pele escurecida e tinha os cabelos negros crescidos e emaranhados. Capturado em Helpensen, Hanover - em 27 de julho de 1724, aparentava ter 12 anos na ocasião. Subia em árvores com extrema facilidade. Não falava; recusava comer pão; preferia consumir ramos verdes de certos vegetais que mascava e sugava; mais tarde aceitou frutas e verduras de horta. Ele foi exibido em Hanover na côrte de George I. Levado para a Inglaterra, ali foi estudado pelos cientistas. Viveu 68 anos em sociedade mas nunca aprendeu a dizer nada além de "Peter' e "rei George".

A Garota de Champagne: Em 1731, uma menina aparentando 10 anos foi encontrada em uma árvore em Songi - Chalons, distrito de Champagne, França. Descalça, com o vestido reduzido a trapos e um gorro feito de folhagens na cabeça. Em uma espécie de bolsa, guardava um porrete e uma faca onde distinguiam-se carcteres indecifráveis. Emitia gritos agudos; sua pele estava tão suja e escurecida que alguns acharam que era uma menina negra. Comia passarinhos, sapos e peixes, folhas, brotos e raízes. Quando colocaram um coelho em sua frente ela imediatamente o matou, abriu sua entranhas e comeu sua carne. A garota de Champagne é um dos raros casos de criança selvagem que aprendeu a falar coerentemente o que faz pensar que, antes de ser abandonada ou perder-se, já sabia a falar. Em pouco tempo ela esqueceu a maior parte de sua vida na floresta que, supõe-se, durou cerca de dois anos.

"Seus dedos, especialmente os polegares, eram extraordinariamente largos" - relatou uma testemunha da época, o famoso cientista Charles Marie de la Condamina. Ela usava esses dedos para extrair raízes e como apoio para agarrar nos ramos das árvores, entre as quais movia-se como um macaco. Era muito rápida na corrida e tinha uma visão fenomenal. A menina recebeu o nome de Marie-Angélique Memmie le Blanc. Cresceu e se estabeleceu em Paris onde trabalhava no artesanato de flores artificiais. Suas memórias foram escritas por Madame Hecquet. Morreu na obscuridade com a maioria das crianças selvagens.


CONFINAMENTO

Kaspar Hauser: Este jovem aparentava ter 16 anos quando surgiu "do nada" na tarde de 26 de maio de 1828 em Nuremberg, Alemanha: "Vestia casaco cinzento, calças puídas, um velho colete, camisa, botas e um chapéu cilíndrico. O seu passo era pouco firme, como o de uma criança que tivesse acabado de aprender a andar". Abordado por dois sapateiros, entregou-lhes uma carta endereçada ao comandante da 4ª Companhia do 6º Regimento de Cavalaria Ligeira, lotado naquela cidade.

Em sua primeira noite, dormiu em um estábulo depois de aceitar e pão e água para comer, rejeitando, repugnado, cerveja e carne. Interrogado pelas autoridades, respondia com palavras desconexas ou apenas dizia: "Não sei," A carta informava sua data de nascimento: 30 de abril de 1812, e nada mais que pudesse esclarecer a indentidade do estranho. Deram-lhe papel e caneta e, para surpresa de todos, ele escreveu: Kaspar Hauser.

Os dias passavam e nenhum fato novo surgia sobre a origem do rapaz. Foi adotado pela família de um guarda da prisão, Andreas Hiltel. A convivência mostrou que Kaspar não era um retardado mental; antes, era desprovido de qualquer educação ou noções de sociabilidade. Com os filhos de Hiltel, aprendeu a usar talheres, cuidar de sua higiene pessoal e logo conseguia dizer frases completas. Sob a orientação do professor da escola local sua mente desenvolveu-se rapidamente.

Aos poucos, revelava umas poucas lembranças: tinha vivido recluso em local desconhecido a maior parte de sua vida, aos cuidados de carcereiro cujo rosto jamais tinha visto. A facilidade com que aprendia coisas novas mostravam que ele tinha sido confinado quando já possuía idade suficiente para andar e falar; além disso, escrevera o próprio nome. Em suas recordações, via um calabouço, um castelo, um brasão e um cavalo de brinquedo feito de madeira.

Muitos especularam que o jovem era o herdeiro da Casa Real do duque de Baden, o que fazia dele um possível sucessor da dinastia inaugurada por Napoleão Bonaparte, posto que sua mãe deveria ter sido a filha adotiva daquele estadista. O filho, supostamente morto ainda bebê, poderia ter sido raptado para que não viesse, um dia, a restaurar o poder bonapartiano. A verdade sobre Kaspar Hauser nunca apareceu. Depois de causar muita sensação atraindo a curiosidade de nobres e plebeus, morreu assassinado misteriosamente, sem motivo aparente, próximo à casa de seu professor.

Genie: Tal como Kaspar Hauser, a menina Genie passou por confinamento. O caso, ocorrido em Los Angeles, Califórnia (USA), ganhou publicidade em 1970. Ela ficou encarcerada por 12 anos em um quarto, sem contato com qualquer pessoa. O pai submeteu-a a essas condições porque não suportava barulho de crianças. Quando foi descoberta, mal podia ficar de pé, não andava, não falava. Levou muito tempo até aprender a se comportar como uma pessoa normal.


Lobos

Casos de crianças criadas por lobos são antigos. Uma das lendas mais conhecidas do Ocidente é a história de Rômulo e Remo, fundadores de Roma que, abandonados ainda bebês, foram amamentados por uma loba. Em 1344, um menino alemão de três anos foi, supostamente, capturado por um lobo. Na matilha, recebu cuidados especiais, como um leito de folhagens especialmente preparado para ele, para protegê-lo do frio, e porções de caça como alimentação. Aprendeu andar de quatro e acostumou-se a acompanhar a marcha de seus captores. Quando foi reincorporado à civilização dizia preferir viver com lobos a viver com seres humanos.

Na Índia, entre os anos de 1841 e 1895, quatorze crianças-lobo foram encontradas, sete das quais foram descritas pelo general W.H. Sleeman. O primeiro foi capturado em Hasunpur, no atual estado de Uttar Pradesh; tinhas todas as características de uma wolf child. Sua comida favorita era carne crua e, como em outros casos, não falava. Algumas dessas crianças conseguiram ser educadas; humanizaram-se. Uma delas, um menino de Sultanpur, resgatado em 1895, tornou-se policial.

Amala & Kamala: Estas duas meninas talvez sejam as mais famosas crianças selvagens de que se tem notícia. Indianas, foram capturadas em 1920 nas vizinhanças de Midnapore, a oeste de Calcutá. Para achá-las foi organizada uma expedição de aldeões liderada pelo reverendo Jal Singh, um missionário anglicano. Na captura, a mãe-loba foi abatida e as crianças receberam os nomes de Amala e Kamala; deveriam ter entre dois e oito anos. Singh as descreve: caninos alongados, queixo retraído, olhos que brilhavam na escuridão. Amala, a mais nova, morreu em um ano. Kamala sobreviveu até 1929, tempo em que aprendeu a comer cozida, andar ereta e falar cerca de 50 palavras.

Marcos Pantoja - Outra criança que aprendeu a falar antes de viver com lobos foi Marcos Pantoja - "a criança selvagem de Sierra Morena". Ele foi abandonado aos sete anos nas florestas desoladas das montanhas, a sudoeste da Espanha, em 1953. Passou 12 anos sem qualquer contato com outros seres humanos.

Ramu - em 1954, The Wolf Boy foi encontrado na estação ferroviária de Luckhow; tinha 10 anos e era, provavelmente, retardado mental. Seus membros estavam deformados. Morreu no hospital de Luckhow em 1968.

Shamdeo: Em maio de 1972, um menino de 4 anos na floresta de Masafirkhana, em uma região onde outros cinco casos foram registrados. O garoto tinha a pele muito escura, unhas muito longas, cabelo abundante, calosidades nas mãos, pés e tornozelos, dentes aguçados, apetite por sangue além de comer terra. Caçava galinhas, preferia a noite ao dia e procurava a companhia de cachorros e chacais. Foi chamado Shamdeo e levado para o vilarejo de Narayanpur. Aprendeu a se comunicar por sinais. Em 1978, foi acolhido por madre Teresa de Calcutá. Morreu em fevereiro de 1985.

Djuma: encontrado por geólogos, em 1962, aos sete anos de idade, na Ásia Central, em uma região deserta do Turkmenistão. Os lobos que o acompanhavam tiveram de ser mortos para o menino fosse resgatado. Em quatro anos aprendeu a falar umas poucas palavras e dormir em uma cama. Recebeu cuidados no Republican Hospital em Ashkhabad mas, em 1991, uma reportagem constatou que ele ainda andava de quatro, só comia carne crua e podia morder quando estava com fome.

Misha Defonseca: essa menina judia viveu entre lobos dos 7 aos 11 anos, vagando pela Europa durante a Segunda Guerra Mundial. Comia frutos selvagens, como amoras, carne e outros alimentos furtados de fazendas e, ocasionalmente, unido-se aos lobos em suas caçadas. Misha escreveu: "Em minhas viagens, eu podia dormir profundamente na companhia dos lobos. Os dias com minha família de feras multiplicavam-se. Não tinha idéia de há quanto tempo estava com eles. Achava que ia viver com os lobos para sempre e isso me parecia melhor que voltar ao mundo humano. Hoje, as lembranças daqueles dias são cinzentas. Foi uma experiência maravilhosa".

Elmira Godayatova: 1970 - Neste caso, ocorrido no Azerbaijão, a mãe de Elmira foi visitar a avó da menina, que morava no vilarejo de Milgam, fazendo um caminho através da floresta. A garota seguiu a mãe que, ao perceber que a filha a estava acompanhando, mandou-a de volta para casa. Elmira se perdeu. Parentes, amigos e família procuraram em vão. Vinte e trâs dias depois, um guarda-florestal encontrou a garota sentada embaixo de uma árvore. O jornal local noticiou: "Ela comeu amoras e grama, bebeu água de uma fonte e brincou com filhotes de 'cachorro'. Aparentemente, Elmira encontrou uma família de lobos e é bem conhecido o fato de que os lobos nunca atacam em locais próximos às suas tocas."

Mekhriban Ibragimov: Em 1978, novamente, os lobos salvaram uma menina no Azerbaijão. Mekhriban Ibragimov, três anos, perdeu-se na ravina coberta de neve. Foi encontrada depois de 16 horas, abrigada em uma caverna juntamente com um lobo e seus filhotes. Ela disse à mãe que o lobo lambeu seu rosto.

Rocco: Em 1971, nas montanhas Abruzzi - Itália, pastores encontraram um garoto nu; aparentava ter cinco anos. Os médicos acreditavam que ele tinha sido abandonado ainda bebê e levado para a montanha por cabras ou lobos. Foi chamado de Rocco. Várias famílias tentaram, sem sucesso, "domesticar" o menino. Por fim, ele foi encaminhado a um hospital psiquiátrico próximo a Milão. Ele não aprendia a falar, só comia com as mãos, andava de quatro, gostava de ser acariciado mas se retraía e rosnava recolhendo-se a um canto quando estava assustado.


A Menina-Lobo do Texas É um dos casos mais impressionantes e que assumiu status de verdadeira lenda. No começo do século XIX, em uma região erma, quase despovoada, às margens do rio do Diabo (Devil's river), próximo à localidade de Del Rio, contava-se que existia uma menina-loba. Sua mãe morrera no parto e o pai, John Dent, sucumbiu em meio a uma tempestade enquanto procurava ajuda.

A criança não foi encontrada e o povo presumiu que havia sido devorada pelos lobos que habitavam as vizinhanças. Em 1845, o rapaz morador de San Felipe Springs, disse que tinha visto uma matilha de lobos que atacava seu rebanho de cabras e, entre eles, havia "uma criatura com longos cabelos que cobriam suas feições; parecia uma garota e estava nua." No ano seguinte, os índios Apaches também relataram que muitas vezes encontravam pegadas humanas entre pegadas de lobos.

Um caçador foi contratado e no terceiro dia de busca, a garota, agora uma jovem adulta, foi encurralada em um canyon. O lobo que a acompanhava morreu tentando defendê-la. Ela foi levada para um rancho e trancada em um quarto. Naquela tarde, um grande número de lobos, aparentemente atraídos pelos gritos-uivos da moça, cercaram a casa. As pessoas ficaram em pânico e no meio da confusão, ela escapou. Em 1852 foi vista novamente às margens do rio Grande acompanhada de dois filhotes de lobo e nunca mais se teve notícias dela.


Ursos

Goranca Cuculic: Esta menina tinha cinco anos quando se perdeu na floresta próxima a sua casa, em Vranje - Iugoslávia. Foi encontrada três dias depois e contou que havia encontrado uma ursa e dois filhotes. O animal lambeu sua face e ela bricou com os ursinhos. À noite, dormiu com eles em uma caverna. Em 2001, no Irã, um bebê de 16 meses, desaparecido por três dias, foi achado entre ursos são e salvo. Há registros de crianças que cresceram entre ursos na Dinamarca e na Lituânia. Em 1767, na Hungria, uma garota com cerca de 18 anos, alta e com a pele escurecida, foi encontrada por caçadores. Seu comportamento era agressivo; comia carne crua, raízes e folhagens. Tinha sido criada por ursos. Na Índia, em 1914, outra garota, 14 anos, foi achada em Uttar Pradesh. Chamada de Grongi, recusava dormir em camas e comida cozida. Seus comportamento era semelhante ao dos ursos. Em 1937, na Turquia, em um asilo para doentes mentais, outra jovem, 16 anos presumidos, tinha vivido entre ursos e não se adaptou ao modo de vida humano.

Macacos

Tissa, de Sri Lanka

Em 1973, no vilarejo de Tissamaharama, sul de Sri Lanka, foi capturado um menino que vivia com um bando de macacos. Em três meses aprendeu a andar ereto; ainda comia com as mãos, não falava mas aprendeu a sorrir.

Burundi Monkei Boy: este caso aconteceu em 1973. O garoto aparentava seis anos e se comportava como um macaco. A antropóloga Diane Skelly constatou que o corpo da criança era coberto por uma fina pelagem que desapareceu quando ele começou a usar roupas.

Robert, de Uganda: Durante o caos da guerra civil naquele país, o menino foi abandonado. Encontrado por militares, três anos depois, vivia com macacos. Levado ao orfanato de Kampala, passou por um processo de socialização e, aos oito anos, fazia sua própria higiene, andava e dormia em cama.

John, de Uganda: Este foi achado em 1991. Ficou doente quando comeu alimento cozido pela primeira vez. Era muito cabeludo e apresentava muitas feridas, cicatrizes e calosidades. Um cidadão indentificou o garoto como John Sesebunya, cujo pai, depois de assassinar a mulher, desapareceu. O garoto tinha três anos na época e fugiu para a floresta onde foi adotado pelos macacos que lhe ofereceram raízes e amêndoas. John foi estudado por especialistas que diagnosticaram nele um caso genuíno de "criança selvagem".

Bello, da Nigéria: Outro caso de criança resgatada por caçadores. Tinha dois anos e vivia com uma família de chimpanzés. Possivelmente, pertencia a uma comunidade de nômades Fulani. Era doente, mentalmente e fisicamente, causa provável de seu abandono. Esse procedimento é comum na cultura dos Fulani, pastores que percorrem grandes distâncias ao longo do leste africano. Os médicos estimaram que ele deveria ter 6 meses quando foi deixado na floresta para morrer. Em 2002, aos oito anos, tinha compleição física de uma criança de quatro anos e ainda mantinha trejeitos simiescos.

Gazelas

Em 1960, o antropólogo Jean-Claude Auger, viajando sozinho pelo Saara Espanhol, encontrou um grupo de nômades Nemadi que contaram a ele sobre o avistamento de uma criança selvagem. No dia seguinte, tomando a direção indicada pelos nômades, ele viu uma criança nua galopando em grandes saltos em um grupo de numerosas gazelas brancas. Auger instalou-se em um pequeno oásis e ali ficou na expectativa de uma chance de aproximação.

Esperou por muitos dias até que, enfim, surgiu a oportunidade de observar o garoto-gazela mais de perto: "ele era vigoroso, queimado de sol, olhos amendoados e tinha no rosto uma expressão amável; aparentava dez anos de idade. Seus tornozelos eram desproporcionalmente grossos e fortes; seus músculos eram firmes. Andava de quatro mas, ocasionalmente, assumia postura ereta, o que fez Auger supor que havia sido abandonado ou se perdido quando já começara a dar seus primeiros passos. Quando ouvia barulhos estranhos, ficava alerta, tremia os músculos, movia o nariz e as orelhas, tal como suas companheiras gazelas". Em 1966, fizeram uma tentativa de resgatar o jovem usando uma rede; não funcionou. Diferente de outros casos de crianças selvagens, jamais foi capturado. Auger recusou fotografá-lo pois entendia que não era justo prendê-lo e domesticá-lo.

Oriente Médio: Em 1946, outro garoto que cresceu entre gazelas foi capturado. Ele vivia no deserto entre a Transjodânia, Síria e Iraque. Foi visto pela primeira vez pelo chefe da tribo tuaregue dos Ruwelli, Amir Sha'alan. Ele corria no meio das gazelas e dava grandes saltos. Repentinamente, tropeçou e caiu: "conseguimos nos aproximar e constatamos que o jovem tinha se ferido em uma grande pedra. Ele olhava para nós com seus grandes olhos cheios de espanto". Tentaram vestí-lo e calçá-lo; ele resistiu. Levado ao médico, dr. Musa Jalbout, agia, comia e chorava como uma gazela. Não havia dúvida de que tinha crescido entre aqueles animais. Deveria ter uns 15 anos. Aos poucos habituou-se a comer pão e carne. Podia correr a 50 km por hora, era muito esbelto, tinha 1,70 m de altura e membros extremamente fortes.

ISOLAMENTO

Índia - Menino do rio Kuano: Este caso foi registrado em 1973, no vilarejo de Baragdava, no estado Uttar Pradesh, próximo à fronteira com o Nepal. Em fevereiro daquele ano, um padre local, estava à beira do rio Kuano quando avistou um jovem nú nadando estranhamente. Parecia ter uns 15 anos. Emergia e submergia com regularidade e levava um peixe entre os dentes. O padre narrou o que viu aos aldeões e uma senhora chamada Somni disse que o rapaz era seu filho, Ramchandra, que havia sido tragado pelas águas do Kuano quando tinha um ano de idade.

Interessados, os aldeões amontoavam-se na beira do rio para ver o jovem-peixe. Em maio de 1979, Somni finalmente conseguiu encontrá-lo. Estava deitado na grama e ela pôde reconhecer um sinal em suas costas. Capturado, constataram que ele não tinha pêlos e sua cabeça era de uma tonalidade negra-esverdeada. Não puderam evitar que ele voltasse ao rio embora o rapaz não temesse o contato com as pessoas. Porém, era retraído e não raro passava longas horas dentro da água, onde submergia por um tempo impossível para qualquer outro ser humano.

Não falava e parecia não ouvir. Comia peixes, sapos e outras criaturas aquáticas. Apanhava a comida diretamente com a boca. O grande mistério de sua sobrevivência era como poderia ter escapado dos crocodilos que frequentavam o rio Kuano. Muitos aldeões acreditavam que um "espírito das águas" havia cuidado do menino nos seus primeiros anos de vida. Em 1982 ele apareceu na margem do rio na altura do vilarejo de Sanrigar. Uma mulher, assustada com aquela figura incomum, jogou água fervente no jovem. Machucado e sofrendo dores, ele submergiu nas águas do Kuano e não reapareceu. Mais tarde, seu corpo, mutilado por mordidas de peixes, foi encontrado boiando.


Isolamento - Confinamento - Vivência com Feras Os casos de crianças selvagens não são todos iguais; o isolamente consiste na sobrevivêcia do ser humano em condições de solidão em termos de não-contado com outros seres humanos; as indianas Amala e Kamala representam um típico episódio de vivência com animais e o misterioso Kaspar Hauser sofreu confinamento (prisão sem contato com qualquer outro ser vivo exceto um 'carcereiro', esporadicamente) até os 16 anos.

Crianças que crescem isoladas por muitos anos, freqüentemente desenvolvem sintomas de autismo, explicava, em 1959, o psicólogo Bruno Bettelheim: "Enquanto crianças selvagens são raras, mais comuns são as pais-mães-feras, que tratam suas crianças como animais, criando situações que podem combinar o isolamento e o confinamento, o que resulta em sociopatias e psicopatias com sintomas e gravidade diferentes".

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