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Tambores de Vudú


"O panopticon cego do Capital permanece, depois de tudo, mais vulnerável no domínio da 'magia', a manipulação de imagens para controlar eventos, a hermética 'ação à distância" - Hakim Bey, Millennium

"Vudú é pra Farsul" - Wally Gator Sem-Terra


Fine! .. but.. You said you'd love me no matter what.

Um boneco de estopa costurada, algumas agulhas, um bom tamboreiro, comida, bebida - dê preferência para a cachaça ou para o rum - velas, um punhal ou lâmina afiada.

Além de resultarem em festas excelentes para quem soubesse aproveitar, rituais vudú onde quer que acontecessem sempre apavoraram os branquelos donos de escravos.

Conexões obscuras, pessoas interessantes e ataques ocultos a alvos desejados - no vudú o sacerdote é um especialista em ataques furtivos teleguiados, que com suas danças selvagens por vezes atravessando noites inteiras em transe e sem cansaço era capaz de mover e canalizar forças visíveis e ocultas para defender e proteger os seus de toda classe de injustiça.

Trazidos para os continentes americanos acorrentados os africanos de diferentes regiões disseminaram ocultamente suas formas de ataque oculto ritual. Fosse no delta do Mississipi, fosse nas ilhas do Caribe ou no sul da Bahia lá estava variáveis de uma mesma matriz religiosa, deuses pagãos e potências que aos brancos escravocratas eram tão apavorantes quanto desconhecidas.

Vidro moído no jantar do senhor de escravos, capoeira (luta dissimulada em dança), macumba, ataques ocultos não eram incomuns no velho Brasil colônia, num contexto em que, de longa data brancos se acostumaram a utilizar negros escravizados, não só como objetos animados de suas vontades, mas também como bodes espiatórios de seus próprios crimes. Trêmulos e pálidos os empresários do escravismo de outrora perdiam o sono ao ouvirem tambores, os padres os condenavam, e todos tremiam a pensar em uma certa rebelião em uma certa ilha caribenha.

No mundo das atuais senzalas empregatícias, trabalho informal e subemprego, tambores de vudú são necessários uma vez que os brancos capitalistas continuam tão crentes e supersticiosos como antes. Pobre daquele teórico do capitalismo que se dedicou a inaltecer a racionalidade deste sistema, ele deve estar se revirando em seu caixão a 700 giros por segundo. E lá está o campo fértil e crescente para tiro ao alvo, imagens de maus augúrios e agulhas envenenadas.

Hoje são poucos os que podem ouvir tambores de vudú ecoando a distância, anunciando a eminência de ações subterrâneas com propensão de lançar maldições e erguer os mortos. Mas os mortos estão por toda parte, são homens e mulheres enterrados vivos em empregos degradantes, com suas ginásticas laborais e seus cubículos habitacionais apertados, mortos-vivos do capital se arrastando de casa para o trabalho e do trabalho para casa. Depois de um emprego, nada melhor que outro emprego. Tambores de vudú transformam mortos vivos em zumbis - corpos animados por palavras e danças rituais, guerreiros que não podem morrer prontos para fazer o que lhes for sugerido.

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